domingo, 26 de julho de 2009

Cidade pequena


Moro em cidade pequena. Pequena mesmo, com 50 mil habitantes.
Não tem cinema. Não tem teatro. Não tem show de rock! E tem muito poucas pessoas de cabeça boa... A maioria vive em função do alheio: a vida alheia, a roupa alheia, o carro alheio...
Quando tem aniversário de criança, convidam toda a família: pais, tios, avós, primos... o que menos tem em aniversário de criança são... crianças. E quando você não vai e manda o marido representá-la e levar a filha, eles gentilmente mandam um pratinho hehehe. Você já não foi à festa para não comer e não engordar, aí aparece um pratinho - um pratinho, não, um tupperware cheio! E as pessoas, quando vem na festa da sua criança, fazem questão de se demorar por 4 ou 5 intermináveis horas! Você tendo que limpar a bagunça toda e o povo ali, botando a fofoca em dia.
Fofoca. Isso tem muito em cidade pequena. Acredito que também exista em cidade grande, mas não acredito que lá as pessoas tenham tanto tempo assim pra fofocar! (Já morei em capital e nunca ouvi fofoca em festas.) E cada um diz uma coisa diferente, são histórias verdadeiramente paralelas! Se fulana emagreceu demais, é porque está gravemente doente... com AIDS até! Se engordou, é porque está grávida. Se engordou e depois emagreceu, é porque engravidou e fez um aborto... e por aí vai.
Gordura é um assunto interessante em cidade pequena: sempre vem comentar "como a sicrana engordou, você viu?" Mas se é você que engordou, e sabe disso, falam na tua cara "capaz, você está bem assim!!!" mas quando saírem da sua frente, você sabe bem o que vão falar. Ou pior, dizem na sua cara "Pois é, você era tão magrinha..."
Conheci aqui um cara que não tinha carro e toda semana alugava um diferente. Perguntei por quê. Me disse que era pra pensarem que ele tinha dinheiro, que trocava de carro toda semana. Santa ilusão! Como se não soubessem que era alugado...
E, como em Brasília, quem mais deve, menos teme, por aqui. Os famosos de plantão na coluna social são os que mais tem títulos protestados. O cara que vive pechichando pelo seu produto é o que vai lá passar férias no Nordeste. Aquele que te deve uma ninharia, mas que pra você é dinheiro, nunca te paga.
Aí você pensa na tranquilidade da cidade do interior. Sim, é tranquilo. silêncio pra dormir, tranquilidade para viajar e saber que na volta a casa vai estar ali ainda, com tudo dentro. Inclusive o sofá, a TV e o computador, que são o seu único contato com o mundo civilizado. Tranquilidade pra deixar os filhos andarem por aí sozinhos. Porque é só isso que eles tem pra fazer por aqui: andar por aí.
Beijos pequenos

5 comentários:

antes que a natureza morra disse...

Tranquilidade até por ali...pq muitos artigos de psiquiatras afirmam com todas as letras que, em locais pacatos e sem futuro, grande parcela da população é depressiva. Por que ? Falta de perspectivas...rotina...mesmice...decadência...
Bj

JP

Mulher de 40 disse...

Parece q vc sabe qual é minha cidade... aqui o índice de suicídios é 4 vezes maior q o índice nacional.Fato

Bia Almeida/ @biiah22 disse...

Eu sei como é isso.. Morava na baixada fluminense e estou numa cidade com 40 mil habitantes.
Não há como ir a rua e não encontrar pelo menos 1 conhecido. Não há como fazer nada, vc vai virar fofoca..

É um inferno.. Mas eu ainda saio daqui
Aqui só é bom pela tranquilidade mesmo, de resto, cruzes..

lettyns disse...

@lettyns .É verdade, eu sou de Brasília mas já tem uns seis meses qe me mudei estou morando em uma cidade pequena estou ainda em fase de adptaçã, e realmente aqui as pessoas vivem mais a vida dos outros do que sua própria vida é imprecionante! rsr

Anônimo disse...

A solidão na cidade grande é infinitamente maior.Um mito este papo de cidade pequena cheia de solitários.

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