O Escorpião e a Tartaruga *
Um escorpião chegou à beira de um rio e vendo uma tartaruga na água perto de onde se encontrava, disse:
- Tartaruga, tu me transportarias sobre teu casco para que eu possa atravessar para a outra margem?
- Escorpião, isso não me custaria nada, mas como posso ter certeza de que não me irás matar com teu veneno? Todos sabem como picas quem quer que se coloque ao alcance do teu ferrão.
- Ora, mas como eu poderia fazer isso? Se eu te picar, e vires a morrer, eu afundo e também morrerei afogado.
A tartaruga achou que o argumento fazia sentido. Mandou que o escorpião se acomodasse sobre seu casco e iniciou a travessia. Mas antes de chegar ao meio do rio sentiu o mortal ferrão cravando em seu pescoço.
- Escorpião! – falou, já desfalecendo – por que fizeste isso? Em poucos segundos afundarei levando-te junto. Como poderás livrar-te do destino que tu mesmo traçaste?
- Desculpe, Tartaruga – disse o Escorpião, já sendo coberto pela água e sabendo-se também afogado dali a instantes – Mas não consigo me conter: é a minha natureza.
Às vezes agimos assim mesmo, na vida. Mesmo sabendo que alguma atitude pode ser errada, acabamos cometendo. Mesmo sabendo que podemos nos ferrar mais adiante, seguimos. A adrenalina sobe, o coração aperta, mas, apesar disso ou talvez por causa disso, fazemos o que nos dá vontade.
Devemos ser sempre racionais e pensar nos outros, ou podemos ter um lado secreto, uma parte pecadora, egoísta? Devemos agir como os outros esperam ou podemos brincar um pouco, na vida, com aquilo que ela nos brinda?
Acredito que a vida é curta e não devemos deixar nada para amanhã. Também acredito que a vida não é só uma. Aprendemos agora para usar mais adiante... nessa ou em outras vidas. E o que fazemos sempre tem volta. Medo? Curiosidade? Coragem? Desafio? O que vai predominar, afinal? Qual é a minha natureza?
* Texto retirado do Recanto das Letras
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