Ilegal, imoral ou engorda

Vivo condenado a fazer o que não quero

Então bem comportado às vezes eu me desespero

Se faço alguma coisa sempre alguém vem me dizer

Que isso ou aquilo não se deve fazer (...)

Que culpa tenho eu

Me diga amigo meu

Será que tudo o que eu gosto

É ilegal, é imoral ou engorda

Ontem, pra variar depois de algumas cervejas, me dei conta de que, em virtude da mania do politicamente correto, tudo que é bom é ilegal, imoral ou engorda.

Por exemplo... drogas ilegais. Sou a favor da legalização da maconha. Pelo simples motivo de que há drogas muito piores legalizadas por aí. Falo por várias experiências próprias. Meu pai destruiu a família bebendo, o pai dele e dois irmãos morreram de tanto beber... e o álcool é legal! Tem até propaganda na TV, onde mulheres gostosas e homens felizes bebem... e nós sabemos que muito poucos consomem "com moderação".

O argumento de que a maconha leva a drogas piores não me convence, porque por exemplo quem bebe e vira alcoólatra vai beber sempre mais e mais... e o cara que fica na dele chapado não incomoda ninguém, não fica violento nem inconveniente. Não estou fazendo apologia da maconha, estou apenas comparando. Se querem proibir, que proíbam logo tudo. Ah! E o principal... consigam vigiar e punir. Os bafômetros por acaso funcionam? Tem algum policial na saída das boates, no estacionamento fiscalizando?

Há muito me perdi entre mil filosofias

Virei homem calado e até desconfiado

Procuro andar direito e ter os pés no chão

Mas certas coisas sempre me chamam atenção

Adoro olhar filmes antigos. Década de 80. Aí pensei, que saudades do tempo em que os mocinhos e mocinhas de filmes e novelas fumavam. Hoje é imoral fazer isso. Mas não é ilegal. Uma droga tão ou mais violenta que outras ditas ilegais. Bem, eu sempre fumei, mas nunca tive o vício. Cigarro para mim é complemento para cervejinha, para conversas íntimas, e para momentos de tensão e ansiedade. Mas assim como fumo 10 cigarros em um dia, no outro nem lembro que existe. E faz uns 25 anos que sou assim.

Onde estou querendo chegar com tudo isso? Que a alguns anos atrás, as pessoas não tinham tanto cuidado assim com as aparências. Eram mais naturais e não eram abominadas por isso. Hoje o que vemos é o cuidado com as aparências, com o politicamente correto... mas nos bastidores a coisa é completamente diferente.

O que te faz feliz e que é ilegal, imoral ou engorda?

Já tive meus tempos de patrulheira. Não bebia, não fumava, não comia carne vermelha,

etc. Um dia tive alguns problemas de saúde e o médico me receitou um remédio que na bula falava que era para dezenas de doenças "e outras relacionadas a idade avançada". Pensei, "poxa, mas eu vivo me cuidando e estou diagnosticada com problemas de velha? Dei um foda-se em tudo e passei a fazer tudo o que me dava prazer. Tomava porre. Fumava maconha. Comia churrasco. Fazia sexo casual. Passei a ser feliz e não tive mais nenhum problema de saúde.

Cada um tem seu jeito de ser feliz. Cada um merece ter seu espaço e não ser criticado por isso. Tolerância é artigo de luxo hoje. Nada pode. Mas quase todos os médicos receitam diariamente centenas de benzodiazepínicos, que é a última mania global. Não conheço ninguém que não tome ou tenha tomado Rivotril, ou outro parecido. Porque todas as mulheres tem TPM, e para não incomodar os outros, tomam remédios. Porque todo mundo tem depressão, então ao invés de procurarem algo que os faça felizes, tomam remédios controlados descontroladamente.

Então o que fazer

Já não quero mais saber

Se como alguma coisa

Que não devo comer

Se tudo que eu gosto

É ilegal, é imoral ou engorda

E comer, então... nem se fala. A mania da magreza em si já daria outro post. Quer coisa melhor que aterrissar em cima de um mega pedaço de bolo de chocolate? É quase melhor que sexo!!!

Bem, eu faço e gosto de fazer algumas coisas ilegais, imorais e que engordam... e você? Vai ficar parado aí, deixando que os outros digam o que serve ou não para você? Vai envelhecer para se dar conta de quanta coisa deixou de fazer porque "o que os outros vão pensar?"

(Letra de Roberto e Erasmo Carlos)