segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Afinidade - Artur da Távola


Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois. A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. E o mais independente também.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras, é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Não é sentir nem sentir contra... Nem sentir para... Nem sentir por... Nem sentir pelo... Afinidade é sentir com.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber... É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida.
Artur da Távola

3 comentários:

andrea.gaia disse...

Gostei muito do texto!
Afinidade é o que faz a paixão virar amor e o amor nunca acabar, mesmo estando separados.
Da afinidade nasce a amizade que pode durar uma vida inteira.

CRIS disse...

ESSE TEXTO EU LI AOS MEUS 20 ANOS E DESDE LÁ O LEIO. DESEJO A FORÇA E A ALEGRIA DE UMA MULHER DE 40.AMEI!!!

lorena disse...

q lindoooo, adoreiii

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